Este tópico tem por finalidade sintetizar de forma aproximada, o que se entende por amor, porém sem a pretensão de esgotar o assunto que é extenso e contraditório.
Amor: sentimento ou emoção?
Pesquisas recentes (Fredrickson, 2013) apontam que o amor é considerado como uma emoção. Da mesma forma que o medo e a raiva, e não é possível senti-lo o tempo todo, ficando sujeito às modificações do contexto.
Para a pesquisadora Barbara Fredrickson, o amor não é duradouro e sim um micromomento de conexão com outras pessoas.
As evidências sugerem que quando você realmente tem um ‘clique’ com alguém, uma sincronia momentânea, mas discernível, emerge entre os dois, conforme os gestos, a bioquímica e as descargas neurais, se espelhando um no outro em um padrão que denomino ressonância de positividade. (Fredrickson, apud Araia, 2014).
Graças a ação de substâncias como a noradrenalina, que favorece a criação de memórias, é possível estender esta sensação de bem estar mesmo quando a pessoa amada não está presente. A repetição desta sensação de prazer e bem estar produz o sentimento de amor. Portanto, podemos considerar que o amor seja uma emoção e um sentimento, ao mesmo tempo.
O Amor Romântico = Paixão + Intimidade + Comprometimento
A paixão é a ampliação do desejo.
Sua característica marcante é a perda total ou parcial do sendo crítico, uma vez que as atividades cerebrais estão, em sua maioria, voltadas para promover/ manter a conquista.
Sendo assim, os apaixonados tendem a ficar desatentos, alegres demais ou tristes demais (dependendo da forma como a conquista está ocorrendo).
A paixão não conhece limites, prevalecendo acima de todos os demais interesses. Algumas pessoas, quando apaixonadas não conseguem trabalhar ou estudar, e tendem a rompem alguns laços sociais ou familiares. Praticamente todos os movimentos de um indivíduo são no sentido de buscar aproximação e aceitação do outro, de todas as formas possíveis.
- Quando não é correspondida pela outra parte, é esperado que o indivíduo fique frustrado, mas elabore esta frustração em curto espaço de tempo, desde que compreenda que certas coisas na vida não dependem só de nós, e que a outra parte tem outros interesses, outras prioridades. Os sinais de uma paixão não correspondida são (na maioria das vezes) evidentes; a outra parte emite comportamentos claros de fuga, esquiva, substitui gentilezas por polidez, e restringe o contato ao mínimo possível.
- Quando correspondida, a sensação de bem estar é indescritível, porém acompanhada de ansiedade (em geral nível "hard"), pois o medo da perda também é muito grande. Por esta razão, muitos apaixonados vivem constantemente aflitos.
- Intimidade
É o conhecimento profundo do outro
Intimidade consiste em compreender e ser compreendido pelo outro com poucas palavras. É a capacidade de prever o comportamento do outro, de se antecipar às suas necessidades; é dar abertura para que o outro lhe compreenda e se faça compreendido; é reconhecer que o outro tem necessidades diferentes das suas e respeitar estas diferenças; é perceber que o outro tem momentos de fraquezas, tristeza e alegrias próprios; enfim é reconhecer que o outro é uma outra pessoa e respeitar sua individualidade, evitando censuras, atitudes de controle e imposições egoístas.
Observe que não me refiro somente a intimidade erótica, pois tirar desnudar o corpo é diferente de desnudar o coração. Para que a intimidade verdadeira floresça é fundamental que as pessoas estejam predispostas a conhecer o outro e dar-se a conhecer também.
Para que a intimidade seja construída, é necessário observar o outro, saber ouvi-lo, captar suas palavras e expressões com alguma precisão (o que não é fácil). Isto é construído ao longo do convívio (e não com o imediatismo que alguns supõe).
Estar com o outro "na alegria, na tristeza, na saúde na doença"
Curiosamente, quando pergunto às pessoas "para que querem estar num relacionamento?", geralmente as respostas se referem apenas ao lado bom: querem alguém com quem possam viajar, construir uma vida social rica, apresentar pra família, etc. Poucos incluem nas respostas que querem alguém para cuidar e receber cuidados.
Comprometimento é isso: é a capacidade de estar junto ao outro nos momentos mais dolorosos da vida; quando as vicissitudes são inevitáveis; é estar disposto (a) a dar o ombro, secar lágrimas, ser parceiro quando for possível, enfrentar situações adversas juntos.
Em menor escala, o comprometimento também abarca o respeito pelo tempo do outro: marcar um compromisso e deixar o (a) parceiro (a) esperando, sem justificativa adequada, indica baixa capacidade de comprometimento.
Vamos falar sobre amor
Na psicologia existem várias teorias que buscam compreender o amor. Para fins de simplificação, costumo adotar a teoria de Stenberg (1986), que define o amor como um sentimento construído a partir de uma emoção (paixão), uma atitude (intimidade), um comportamento de proximidade (comprometimento) As variações possibilitam oito formas diferentes de amar.
No amor, existe uma forte tendência a apreciar a companhia do outro como algo indispensável. Os relacionamentos tendem a ser maduros, pois a paixão inicial já foi superada, e os pares encontraram elementos suficientemente bons para que pudessem se relacionar de forma mais construtiva.
Os defeitos são tolerados como algo natural, as manias do outro são normais, o ciúme já não é tão forte, mas a interação entre os pares é bem mais profunda, sem a necessidade de máscaras ou joguinhos emocionais.
Nesta fase, os indivíduos têm mais força para atravessarem juntos por situações de adversidades, e não ficam tão receosos em perder o parceiro, pois estão relativamente seguros que o afeto que recebem é suficiente para garantir a aceitação da outra parte.
Portanto, o amor é um sentimento maduro, que possibilita uma relação pacífica e duradoura.
Referências:
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