A Srta. X era uma jovem que não imaginava sua vida sem outra pessoa. Desde muito jovem, esteve em diversos relacionamentos amorosos, uns bons, outros nem tanto, mas infelizmente, alguns muito tóxicos. Um dia, descobriu que estava sendo traída pelo seu atual namorado, que além disso, ainda abusava financeiramente dela, bem como a proibia de ter amizade e/ou contatos maiores com seus familiares. Mesmo quando as pessoas diziam que isso não era normal, que ela merecia mais, que aquele ciclo vicioso a estava consumindo, a Srta. X sentia um medo paralisante de ficar sozinha. A ideia de não ter alguém ao seu lado, mesmo que esse alguém a maltratasse, parecia um abismo sombrio e inaceitável.
Ela justificava as atitudes do namorado, minimizava os abusos, agarrava-se às raras migalhas de afeto como se fossem banquetes. "Ele só está inseguro", pensava, ou "Eu devo ter feito algo errado para ele se afastar". A dependência era uma âncora pesada que a prendia àquele relacionamento destrutivo. Seus amigos e familiares, preocupados, tentavam abrir seus olhos, mostrar a realidade cruel em que vivia, mas a Srta. X interpretava essas tentativas como ataques, como se quisessem tirá-la da única "segurança" que conhecia.
A traição foi um golpe duro, inegável. Por alguns instantes, a ficha pareceu cair. A dor, a raiva, a humilhação vieram à tona com força. Ela até cogitou terminar, reuniu algumas de suas roupas, mas logo a angústia da solidão a invadiu. Quem seria ela sem ele? Para quem ligaria à noite? Quem a lembraria de comer? Esses pensamentos a enfraqueceram, minando qualquer resquício de força para se libertar. Ele, percebendo sua fragilidade, usou de suas artimanhas costumeiras: promessas vazias de mudança, juras de amor eterno, e a Srta. X, no fundo, querendo acreditar em um final feliz, cedeu.
O ciclo se repetiu, talvez com requintes ainda mais perversos. A traição se tornou uma sombra constante, o abuso financeiro a deixava cada vez mais vulnerável e isolada, e o controle sobre suas relações a aprisionava em uma bolha sufocante.
Dependência afetiva - O que é e como lidar
A dependência emocional é um padrão de comportamento em que uma pessoa se torna excessivamente dependente emocionalmente de outra pessoa, de forma que suas emoções e bem-estar estão intrinsecamente ligados à outra pessoa.
Algumas características comuns da dependência emocional incluem:Sentir-se inseguro e incapaz de tomar decisões sem a aprovação ou presença da outra pessoa;
- Ter medo de ser abandonado ou rejeitado pela outra pessoa;
- Ter dificuldade em estabelecer limites saudáveis e manter sua própria identidade e interesses;
- Priorizar as necessidades da outra pessoa em detrimento das suas próprias necessidades;
- Experimentar sentimentos intensos de ciúme, possessividade e insegurança em relação à outra pessoa.
Como a Psicóloga Pode ajudar a Srta X?
A dependência emocional pode ser tratada por meio de terapia, que pode ajudar a pessoa a desenvolver sua autoestima, autoconfiança e habilidades de relacionamento saudáveis.
A situação da Srta. X é um exemplo clássico de dependência emocional e um relacionamento abusivo, onde a terapia se torna um recurso vital para sua recuperação e autonomia. A psicóloga Maristela Vallim Botari, com sua abordagem humanizada e focada em TCC (Terapia Cognitivo-Comportamental), poderia oferecer um caminho estruturado e acolhedor para a Srta. X. Veja como a terapia poderia ajudar:
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Reconhecimento e Validação da Dor: O primeiro passo seria oferecer um espaço seguro para a Srta. X expressar toda a sua dor, raiva, medo e frustração sem julgamento. A psicóloga validaria seus sentimentos, ajudando-a a entender que não é "normal" ser tratada daquela forma e que suas emoções são legítimas, mesmo que ela as tenha minimizado por tanto tempo. Isso começaria a desconstruir a auto-culpa e a vergonha que ela pode sentir.
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Identificação de Padrões e Crenças Disfuncionais:
- "Não consigo viver sem outra pessoa": A terapia trabalharia na raiz dessa crença. Através da TCC, a Srta. X seria ajudada a identificar as origens dessa ideia (talvez desde a infância, experiências anteriores) e a confrontar sua validade. Exercícios cognitivos e comportamentais a ajudariam a perceber que ela é uma pessoa completa por si mesma e que a felicidade não depende de ter alguém ao lado.
- Baixa Autoestima e Autovalorização: Relacionamentos abusivos corroem a autoestima. A terapeuta ajudaria a Srta. X a reconhecer suas qualidades, seus pontos fortes e a reconstruir sua imagem de si mesma, que foi distorcida pelo parceiro e pela própria dependência.
- Medo da Solidão: A terapia exploraria esse medo, ajudando a Srta. X a desenvolver estratégias para lidar com a solidão de forma saudável, percebendo que a solidão não é sinônimo de abandono ou de que há algo errado com ela.
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Fortalecimento da Autoestima e Autonomia:
- Assertividade e Limites: A Srta. X aprenderia a desenvolver a assertividade, a dizer "não", a expressar suas necessidades e a estabelecer limites saudáveis em suas relações, algo que foi completamente suprimido no relacionamento abusivo.
- Tomada de Decisão: A psicóloga a auxiliaria no processo de tomada de decisão, capacitando-a a fazer escolhas que sejam benéficas para ela, em vez de depender da aprovação ou manipulação do parceiro.
- Resgate da Rede de Apoio: A terapia a incentivaria a reatar e fortalecer os laços com familiares e amigos que se afastaram devido ao controle do namorado. Esse apoio externo é crucial para a recuperação.
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Habilidades de Enfrentamento e Regulação Emocional:
- A Srta. X aprenderia a lidar com as emoções intensas (ansiedade, raiva, tristeza) de forma mais adaptativa, sem recorrer a padrões autodestrutivos ou à busca compulsiva por um parceiro.
- Seriam ensinadas técnicas de relaxamento, respiração e estratégias para gerenciar crises emocionais que podem surgir durante o processo de desapego.
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Desconstrução do Ciclo de Abuso:
- A terapeuta a ajudaria a entender a dinâmica do ciclo de abuso (tensão, explosão, lua de mel) para que ela pudesse identificar os sinais e se proteger de futuras manipulações, caso o namorado tentasse reconquistá-la.
- Seria fundamental trabalhar a compreensão de que o abuso financeiro e a proibição de contatos com a família são formas de controle e violência, e não demonstrações de amor ou cuidado.
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Planejamento para o Futuro e Prevenção de Recaídas:
- Uma vez fortalecida, a Srta. X seria acompanhada na criação de um plano de vida independente, com metas pessoais e profissionais.
- A terapia a prepararia para identificar sinais de alerta em futuros relacionamentos, ensinando-a a reconhecer relacionamentos saudáveis e a evitar cair novamente em padrões abusivos.
Em resumo, a terapia com uma profissional como a Psicóloga Maristela Vallim Botari não apenas ajudaria a Srta. X a se libertar do relacionamento tóxico, mas principalmente a reconstruir sua identidade, fortalecer sua autoestima, aprender a viver e a ser feliz por si mesma, e a estabelecer relacionamentos futuros baseados no respeito, na igualdade e no amor genuíno. É um processo de cura profunda que a levaria da dependência à autonomia e ao empoderamento pessoal.
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